O ÍDOLO
Ninguém tinha certeza de que parte do mundo vinha o ídolo. O ídolo era do tamanho de uma pessoa, com cabeça e asas de uma águia e pernas de um ser humano. Milos tinha adquirido o ídolo numa loja de antiguidades na cidade. Uns diziam que o ídolo vinha da Birmânia, outros, da Indonésia.
Um dia bate à porta da casa um senhor de feições asiáticas, com um sotaque irreconhecível.
- Boa tarde. Meu nome é Tupono Danah. Sou da Comissão de Patrimônios Históricos da República da Indonésia.
- Sim, em que posso ajudar?
- A loja de antiguidades de Plzeňská disse que o senhor estaria em posse do ídolo de Garudapura. A estátua com feições de uma águia.
- Ah sim, o ídolo dourado.
- Senhor Milos, devo informar-lhe que a estátua foi roubada do templo principal de Garudapura.
- Eu não sei de nada sobre isto. Apenas o adquiri em Plzeňská no metrô Anděl.
- O senhor pode ver estas fotos. São do templo-mãe de Garudapura, onde ficava o ídolo.
- O meu ídolo pode ser uma réplica.
- Sim, eu também devo me certificar que o ídolo é o original.
- Entre por favor. Acompanhe-me.
Milos leva Tupono para a sala de estar, ainda meio confuso com a história que acabara de escutar.
- Senhor Milos – diz Tupono em um tom sério. Este ídolo tem sido cultuado por milênios pelo nosso povo, e é o que há de mais sagrado para o povo de Garudapura.
- Sim acredito. Se o senhor puder provar que o ídolo é de verdade o original, o senhor pode levá-lo.
- Obrigado. O senhor será devidamente ressarcido. Posso fazer a prova?
Tupono se ajoelha em frente ao ídolo e diz:
- Namo Garudaya, Namo Garudaya!!
Milos fica cada vez mais confuso, vendo o estrangeiro fazer saudações e gestos em frente ao ídolo. Não disse o estranho que iria provar que o ídolo era o original? Ao invés disto, Tupono estava adorando o ídolo.
Quando Milos resolve interromper a insensata adoração de Tupono, eis que acontece o surpreendente:
- Garuda, Garuda, Garuda!!
Era o ídolo abrindo o bico e batendo as asas. Como num passe de mágica, a estatueta ganhara vida e começara a voar pela sala de estar.
- Senhor Tupono!! – Diz Milos assustado. Não sei o que dizer. Creio que isto me é bastante convincente!
- Há um porém senhor Milos.
O ídolo batia as suas asas, voando de mobília em mobília, fazendo um barulho infernal.
- Garuda, Garuda, Garuda!! – Gritava o ídolo.
- Qual o porém senhor Tupono?
- Me esqueci que o senhor não é iniciado. Um não iniciado não pode ver o Garuda animado.
- E o que isto implica?
- O senhor tem que me acompanhar até Garudapura para ser iniciado, senão uma maldição recairá sobre o senhor.
- Maldição? Não acredito nestas coisas. De qualquer jeito, tenho muitos compromissos em Praga e não posso sair da cidade.
- Tem certeza que o senhor não quer me acompanhar a Garudapura?
- Olha, tudo isto é fantástico, mas está indo longe demais esta história.
- Não quer vir mesmo?
- Claro que não. Definitivamente. Mas qual é a maldição? – Pergunta Milos com um certo temor.
- O senhor será o próximo Garuda.
- Como sabe disto? – Milos indaga com uma voz incerta.
- Eu também vi o Garuda animado antes de ser iniciado.
Antes mesmo de Milos ter tempo de considerar o que dissera Tupono, o indonésio se torna um Garuda e sai voando pela janela junto com o ídolo.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Contos - O Ídolo
Postado por Unknown às 07:40
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